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A Tempestade (Romance, Editora Scortecci, 2014)

Fruto da escuta de relatos de pacientes e alunos que foram abusados, o romance narra a história de um garoto estuprado aos 12 anos pelo próprio tio. Escolheu narrá-lo na primeira pessoa por acreditar que a interação e identificação com o leitor produzem efeitos emocionais dignos de uma catarse e também como forma de engajar-se numa denúncia clara, política e existencial.

Como clínico acredita que o abuso e a negligência na relação com a criança é hoje uma epidemia, um verdadeiro problema social que vai além das quatro paredes de um consultório psicanalítico.

Como escritor e leitor, sabe que a narração de histórias é uma das artes mais ricas e mais antigas, na qual o ser humano tenta simbolizar o mundo e a dor de existir.

“No entanto, o certo é que crianças continuam sendo perseguidas e assassinadas nas casas e nas ruas de nossas cidades, em todos os cantos e culturas deste nosso mundo cão. Jesus menino continua perseguido. Herodes mora no palácio; veste roupas finas; come carnes fartas. A polícia o protege, a justiça o defende. E os meninos? Quem realmente cuida deles?”

(Trecho do Romance)

Ilustrações do livro

Fotografias do artista visual Davi Bernardo

Registros do Lançamento

(No dia 30 de abril/2014, na Livraria Saraiva - Shopping Salvador)

“Escravizarão uns e outros. Subirão em tronos e se coroarão. Os símios inteligentes dividirão a terra, o mar, o ar e o que neles há, fazendo imagens para a adoração de si mesmos. Construirão pontes e cercas, muralhas e jardins, arranha-céus e favelas. Escreverão livros e os chamarão de sagradas escrituras. Publicarão manifestos. Farão protestos em nome da igualdade, da liberdade e da fraternidade para matar inocentes. Erguerão arenas, teatros e circos. Falarão em público. Colocarão máscaras para representar tragédias e comédias. Entregarão os irmãos às feras. Enquanto outros os entregarão às fogueiras da inquisição.”

(Trecho do Romance)

“Sorri. Meus olhos procuraram meus filhos. Estavam ali, no sofá, pintando desenhos azuis e vermelhos. Lembranças de Frida Kahlo e de todos os artistas crucificados. Minha esposa sorriu para mim. Teria tantas coisas ainda para dizer, mas sempre fica o não dito. Recostei no leito; suspirei. Jesus, dando um grande grito, expirou. Quanto a mim, foi vomitando sapos que sobrevivi ao caos. Sabia que tudo daria certo no final, porque sempre, mesmo nos piores momentos de uma vida inteira de dor e esquecimento, me reinventei. Eu sempre fui o meu avesso.”

(Trecho do Romance)

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